quarta-feira, 29 de outubro de 2008
S u b V E R S i v O
Um comportamento recatado
Mas como obedecer
Se o calar é o meu doer
E o grito tá engasgado?
Desculpai-me, dona Ana
Mas o mundo não me engana
E o conformismo morreu calado.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Florir
Coletivo
Maternal
sábado, 11 de outubro de 2008
Pão e Circo
SobreVIVER
Heteronímia
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Rosa Vermelha ou Vermelho Rosa???
Vermelho ou rosa???
Não sei...
Não sei...
O que sei é que amarga a desesperança
De olhar pela vizinhança e nada mais ver...
Bandeiras empunhadas
Mas onde estão os calos, então?
É, talvez eles morem agora
Na manicure que tratou desta mão
Que com os dentes lutavam por nossos trabalhadores
E as dores?
Latejam em mim
Por olhar o jardim
E ver que de plástico são as flores
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Avesso
Tudo ao avesso
O incorruptível agora também tem preço
A certeza se perdeu
Incerta de que caminho deveria seguir
A lágrima rola
Com o desejo intenso de fazer sorrir
Os papéis se inverteram
Como um livro lido através do espelho
O que antes era essência
Já não é tão importante
E quem ousa ter decência
Em meio à orgia gritante?
O imutável mudou
Agora, tudo ao contrário
Frente e verso o que sou:
Erro constante ou acerto diário?
O que cuidava agora é cuidado...
Cuidado pra não quebrar!
Doei-me tanto e me foi negado
O direito que eu tinha de não me calar
Três versões de uma estória
Três estórias
Mil caminhos
E um mesmo caminhar
Tão incerto é o teu destino
Porque insistes
Em planejar?
Chora somente tua dor
Que é hoje única certeza
Lamenta a ausência do amor
E a insistência da tristeza
Porém não sejas egoísta
Socialize a solidão
Que dói menos
Tendo em vista
A angústia do irmão
E ao seguirmos por essa trilha
Fazendo um percurso que não é o diário
Encontramos na solidão conjunta
A solidão de um caminhante solitário
Fiel amigo que outrora tememos
Que traz em sua cor o tom de sua vida
Que leva nos olhos a dor que já temos
Que cicatriza com a língua a velha ferida
Um a mais a engolir o presente amargo
A chorar pelo passado escuro
A carregar a esperança junto ao fardo
E a salivar com ânsia pelo futuro
Aprende com este a virtude de ser fecundo
Mesmo que seja na aridez do teu sofrer
Pois sob o sol cálido do insensível mundo
É que ocorre o mais lindo florescer
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Mobília
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Insônia
Ferrovida
ReciprocIDADE
Pra incitar-me ao desconhecido
Lança correntes em minha alma
E propostas ao meu ouvido
Mas como duvidar de ti
Se compartilho contigo
Da mesma confusa certeza?
E como esperar que acredite
Se nem mesmo sei se é verdade
Que a verdade existe?
Só sei que perdi de vista o limite
Amando-te mais do que o tempo permite
Querendo com o corpo
Negando com a mente
Querendo ir além
Do que o medo consente
EspectaD O R
Eis a correta decisão
A sanidade não passa de loucura...
O que é normal então?
Festejemos, pois, o nascer da morte
E choremos a vida que se inicia
Na cicatriz do mundo um novo corte
No mercado outra erva que vicia
Vem preencher o vazio que preenche
A mente dos que pensam ser pensantes
A fraqueza mesmo fraca é quem vence
Erro inédito já cometido antes
Mais um, um a menos
Injusta matemática da vida
Os braços do acaso é o que temos
Um cigarro regado com bebida
E sabemos, somos parte disso tudo
Seja por culpa, seja por omissão
E o “fingir não saber” é o escudo
Que protege o nosso ser-contradição
A definir
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Alinhavar
Saboletrar
Literatura Infantil
Antes pra ti
Que pra mim
A tinta barata
Que rabisca a vida
Desbotou antes do fim.
E na leitura de estórias alheias
Esqueço de escrever também a minha
Uso a tinta que corre nas veias
Colorindo de dor todas as linhas
Mas chega um ponto em que tudo perde a graça
E o palhaço sem querer borra a maquiagem
E o grande ator que melhor disfarça
Chora ao espelho ante a imagem
Não tem sentido nenhum escrever
Reproduzir em cena figuras reais
Repetir na arte o mesmo sofrer
Em notas gritar os mesmos “ais”
Resta então falar da alegria
Mas como descrever uma desconhecida?
Decido por fim continuar...
E em minha literatura tão infantil falar de vida.
Spray
Caneta
Correspondido
Senhora
Que em tudo acha graça
Que graça tem?
Se é mãe somente
Da dor que sente
Em amar alguém
Pariu a esperança
Mas esta não vingou
Prematura criança
Que ninguém amamentou
Deu a luz ao sofrimento
Ainda é virgem de alegria
É rainha
Senhora na dor
E no amor:
Simples Maria
Shamynsk
Verter
Cicatriz
terça-feira, 9 de setembro de 2008
A Bolsa Amarela
E a poesia não se aquieta
Minha vontade de escrever
Só é menor que a de crescer...
E a de cumprir minha dieta...
Ah, se eu tivesse uma bolsa amarela
Ou se eu me chamasse Raquel
Pra esconder minhas vontades
Pra odiar a minha idade
Pra esquecer Maquiavel...
Nem precisava de quintal
Bastava-me a bolsa amarela...
E uma caneta guardada nela
Para escrever para mim mesma
E com isso ter a certeza
De que alguém me compreendeu.
Escrever
Papel ao lixo
Será que o poeta morreu ou acabou sua inspiração?
Será que perdeu o dom concedido pelos deuses
Ou apenas desaprendeu a desenhar seus sentimentos?
Em resposta, tal qual uma fênix, ressurge a poesia
Para deleite do poeta que agora ri da ironia...
Eis que escreve sobre sua incapacidade de escrever