quarta-feira, 29 de outubro de 2008

S u b V E R S i v O

Aprendi com minha avó
Um comportamento recatado
Mas como obedecer
Se o calar é o meu doer
E o grito tá engasgado?
Desculpai-me, dona Ana
Mas o mundo não me engana
E o conformismo morreu calado.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Florir


Pulsar
E respirar
Sentir
E te tocar
Com a flor da pele
Que se abre em flor
Rubra como a rosa viva de minha dor
Aguda como o espinho
De ser multidão
E estar sozinho...

Coletivo


Buracos infindos no asfalto...
Terrível escrever
Num ônibus em movimento!
Mas que língua a minha...
Agradeça eu ter um assento
Além disso eu não pago
Nem por isso
Nem por aquilo...
A vida é de graça...
E mesmo assim me custa caro...

Maternal


Sentir as contrações
E o estourar da bolsa de emoções
Ver que a desajeitada Pandora
Não prendeu sequer a Esperança...
Criança...
Um novo poema nasceu
Silêncio! Ele precisa dormir
Licença, preciso amamentar.

sábado, 11 de outubro de 2008

Pão e Circo


De nada servem teus analgésicos
E o sorriso é deveras em vão
Pois o que dói não está na cabeça
Mas lateja em meu coração
Porque caleja andar no cansaço
E é improvável rir do palhaço
em meio à falta de pão

SobreVIVER


Enxergar beleza onde ninguém vê
E nessas arrastadas oito horas
Não sentir nenhum prazer
Quem será o incompetente?
O oftalmologista do mundo
Ou o meu neurologista?
Que egoísta!
Que pretensão achar que sou a única que mente
Que loucura!
Viver versos plenamente
Amargar a doçura
Pois doce é viver essa vida amarga...
Adoçante, por favor!!!

Heteronímia


Ah, Pessoa

Se eu fosse tu...

Para que o eu lírico

Não fosse eu

Para que o horror que eu escrevo

Não fosse o meu

E para dividir com outros

O que sempre me faltou...

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Rosa Vermelha ou Vermelho Rosa???



Que cor tem esse jardim?
Vermelho ou rosa???
Não sei...
Não sei...

O que sei é que amarga a desesperança
De olhar pela vizinhança e nada mais ver...

Bandeiras empunhadas
Mas onde estão os calos, então?
É, talvez eles morem agora
Na manicure que tratou desta mão
Que unhas perfeitas!!!
Mas não são mais aquelas
Que com os dentes lutavam por nossos trabalhadores

E as dores?
Latejam em mim
Por olhar o jardim
E ver que de plástico são as flores